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Figura

Move-se alheia e em silêncio, esta figura de longas pernas e braços esguios. Passeia por mundos, carregando na guitarra o peso da sua própria dúvida. 

 

ET TOI MICHEL é a figura-arquétipo que encarna o projeto musical a solo de João Mota.

 

O nome do personagem invoca quase uma pergunta sobre o que de si e do mundo desconhece, como se tivesse alguma estranha posição a tomar.

 

Na melodia da guitarra, a temática encapsula a crónica do absurdo, a elegia do palhaço e a melancolia do mimo. Revisita o canto de intervenção através da farsa e da fábula apoiado em canções de narrativa interventiva e satírica, namora paisagens surrealistas e invoca mitos para reflectir o contemporâneo. 

 

As canções transformam-se em fábulas bizarras que invocam o desassossego de tentar decifrar o que é um deus, uma utopia, um país, um povo, um passado, almejando deslindar o agora.

 

A portugalidade é-lhe tão vincadamente natural como a procura do estrangeiro e do desconhecido, sendo que também é um estranho numa terra estranha, no que não compreende na fracção de portugalidade que oprime em vez de libertar. 

 

Os ideais, a posição inadvertidamente politica, a aspiração, partilha-os com a humanidade, invocando a língua francesa apenas no nome, por ser a língua que lançou, algures no tempo, luz sobre o Homem livre, ainda que fraudulentamente conseguida. 

 

Será a música esse lugar entre os dois mundos? O único lugar onde prospera a empatia? Será a poesia o último lugar de ditosa existência? Será, como diria Marcel Proust, a música o exemplo único do que poderia ter sido?

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